Alívio de longa duração: LSD reduz ansiedade com efeito que persiste por 3 meses.
- Vanak2z
- há 9 horas
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Pesquisa reacende debate sobre droga proscrita há décadas. Evidências preliminares indicam potencial terapêutico e cientistas avançam para ensaios clínicos.
Um estudo clínico de fase intermediária (Fase 2b), publicado nesta quinta-feira (4) no Journal of the American Medical Association, indicou que o LSD (dietilamida do ácido lisérgico) reduziu significativamente os sintomas de transtorno de ansiedade generalizada (TAG), com benefícios que se mantiveram por até 12 semanas. Os resultados abrem caminho para testes maiores e uma possível futura aprovação médica desta substância, proibida nos Estados Unidos há mais de 50 anos.
Os Resultados do Estudo
Conduzido pela farmacêutica MindMed, o estudo testou diferentes doses de LSD em quase 200 pacientes com ansiedade generalizada de moderada a grave. Os participantes foram divididos aleatoriamente para receber uma de quatro doses da substância ou um placebo.
Eficácia: Pacientes que receberam as duas doses mais altas (100 µg e 200 µg) apresentaram uma redução significativamente maior nos sintomas de ansiedade após quatro semanas, em comparação com o grupo placebo.
Duração: Os benefícios se mantiveram a longo prazo. Após 12 semanas, 65% dos pacientes que tomaram a dose de 100 µg ainda apresentavam melhora clínica, e quase metade foi considerada em remissão.
Efeitos Colentários: Os mais comuns foram alucinações, náuseas e dores de cabeça, esperados para a classe de drogas psicodélicas.

Por que este estudo é relevante?
A pesquisa tenta superar críticas recentes feitas pela FDA (agência reguladora dos EUA) a outros estudos com psicodélicos, como os com MDMA para TEPT.
Terapia não envolvida: Diferente de outros ensaios, os pacientes receberam o LSD sob supervisão médica, mas sem psicoterapia integrativa. Isso visa isolar o efeito farmacológico da droga do efeito da terapia, uma objeção levantada pela FDA em estudos anteriores.
Superando o estigma: O LSD foi uma das primeiras substâncias psicodélicas estudadas para fins terapêuticos nas décadas de 1950 e 60, mas foi banido e classificado como droga de Classe 1 (sem uso médico aceito) em 1970, interrompendo as pesquisas. Este é um dos maiores estudos modernos a reavaliar seu potencial de forma controlada.
Desafios e Limitações
Apesar dos resultados promissores, o estudo apresenta limitações importantes, comuns na área:
"Cegueira" comprometida: A maioria dos pacientes conseguiu deduzir se havia recebido LSD ou placebo, devido aos potentes efeitos sensoriais da droga, o que pode enviesar os resultados subjetivos.
Altas taxas de desistência: Um número significativo de participantes abandonou o estudo, reduzindo o tamanho final da amostra de dados.
Preparo e Acompanhamento: O artigo não detalha o preparo dos pacientes para a experiência psicodélica nem o tipo de suporte oferecido, pontos cruciais para a segurança e eficácia, como destacou o Dr. Frederick Barrett, da Universidade Johns Hopkins (não envolvido no estudo).
Próximos Passos
Com base nesses resultados, a MindMed planeja iniciar dois grandes ensaios clínicos de fase avançada (Fase 3) para confirmar a eficácia e a segurança. Se bem-sucedidos, esses estudos serão submetidos à FDA para solicitar a aprovação formal do LSD como medicamento para ansiedade.
“É possível que algumas pessoas precisem de retratamento. Ainda não sabemos quantos, mas o efeito duradouro é bastante significativo”, disse o Dr. Maurizio Fava, autor principal do estudo.
O transtorno de ansiedade generalizada afeta quase 3% dos adultos nos EUA, e os tratamentos atuais (terapia, antidepressivos e ansiolíticos) não funcionam para todos, destacando a necessidade de novas opções terapêuticas.
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