Não seja enganado: descubra o custo oculto que os bancos cobram na conversão do dólar.

Na hora de comprar dólar, o valor final é maior do que a cotação que você vê no noticiário.

A conversão entre Real e Dólar é uma necessidade comum para turistas, investidores e quem realiza transações internacionais. No entanto, o valor final pago ou recebido raramente é igual à cotação oficial que vemos no noticiário. Para esclarecer os custos envolvidos nessa operação, o InfoMoney conversou com Gustavo Moreira, planejador financeiro e especialista em investimentos.

O que compõe o custo da conversão?

O preço final de uma operação de câmbio é influenciado por três fatores principais:

Spread Bancário: É a margem de lucro da instituição financeira, representada pela diferença entre o preço de compra e o de venda da moeda. Esse valor cobre custos operacionais e riscos cambiais.

IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): Imposto federal obrigatório que incide sobre a compra de moeda estrangeira. Atualmente, a alíquota para a maioria das operações (como compra em espécie e transações com cartão no exterior) é de 3,5%.

Tarifas Adicionais: Alguns bancos e casas de câmbio podem cobrar taxas de serviço, de emissão ou pelo saque de moeda física.

Além disso, é importante atentar-se à cotação utilizada. Para pessoas físicas, a taxa de referência costuma ser o dólar turismo, que é mais alto que o dólar comercial (utilizado em transações entre bancos e import/export) por refletir menor liquidez e custos operacionais maiores.

Diferenças entre Comprar e Vender Dólar

Ao COMPRAR dólares: Você sempre pagará mais do que a cotação oficial. O valor final incluirá o spread (que majora a cotação) e o IOF.

Ao VENDER dólares: Você sempre receberá menos do que a cotação oficial. O banco aplicará um spread (descontando da cotação) para recomprar a moeda, e em algumas operações de venda, pode haver cobrança de IOF com alíquota menor.

Exemplos Práticos de Cálculo

1. Compra de Dólar para Cartão Pré-Pago (Sem Taxa Extra)

Cotação comercial: R$ 5,00

Spread da instituição: 1,5%

Valor a comprar: US$ 1.000

Cotação com spread: R$ 5,00 x 1,015 = R$ 5,075

Valor em reais (antes do IOF): US$ 1.000 x R$ 5,075 = R$ 5.075

IOF (3,5%): R$ 5.075 x 0,035 = R$ 177,63

Total a Pagar: R$ 5.075 + R$ 177,63 = R$ 5.252,63

2. Compra de Dólar para Cartão Pré-Pago (Com Taxa de Serviço)

Usando os mesmos valores acima, mas com uma taxa de serviço de 0,30%:

Taxa de serviço: R$ 5.075 x 0,003 = R$ 15,23

Total a Pagar: R$ 5.075 (valor da moeda) + R$ 177,63 (IOF) + R$ 15,23 (taxa) = R$ 5.267,86

3. Compra no Cartão de Crédito no Exterior

Cotação comercial: R$ 5,00

Spread do cartão: 5%

Compra: US$ 1.000

Cotação com spread: R$ 5,00 x 1,05 = R$ 5,25

Valor em reais (antes do IOF): US$ 1.000 x R$ 5,25 = R$ 5.250

IOF (3,5%): R$ 5.250 x 0,035 = R$ 183,75

Total a Pagar: R$ 5.250 + R$ 183,75 = R$ 5.433,75

4. Venda de Dólar para Real

Cotação comercial: R$ 5,00

Você quer vender: US$ 1.000

Spread bancário na compra (do banco): 3%

Cotação com spread: R$ 5,00 x 0,97 = R$ 4,85

Valor a receber (antes de impostos): US$ 1.000 x R$ 4,85 = R$ 4.850

IOF na venda (alíquota de 0,38%): R$ 4.850 x 0,0038 = R$ 18,43

Total a Receber: R$ 4.850 - R$ 18,43 = R$ 4.831,57

Como Minimizar os Custos?

Para pagar menos na conversão de moedas, especialistas recomendam:

Comparar sempre: Consulte as cotações e tarifas em diferentes bancos, casas de câmbio e corretoras.

Priorizar bancos digitais e plataformas internacionais: Essas instituições costumam oferecer spreads mais competitivos e taxas reduzidas.

Planejar com antecedência: Evite comprar moeda estrangeira em cima da hora, principalmente em aeroportos, onde as cotações são menos favoráveis.

Avaliar cartões especializados: Cartões pré-pagos multicurva ou contas internacionais podem oferecer melhores condições para gastos no exterior.