EUA: Vagas e contratações em baixa em julho acendem alerta sobre economia

Um importante indicador do mercado de trabalho, as vagas em aberto, que medem a demanda por mão de obra, recuaram em 176 mil no final de julho, ficando em 7,181 milhões.

WASHINGTON - As vagas de emprego em aberto nos Estados Unidos recuaram mais do que o previsto em julho, enquanto as contratações permaneceram moderadas, em um sinal de que o mercado de trabalho norte-americano está perdendo fôlego. Os dados, divulgados nesta quarta-feira pelo Departamento do Trabalho em sua pesquisa JOLTS (Job Openings and Labor Turnover Survey), reforçam expectativas de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa cortar os juros em sua próxima reunião.

Os Principais Números da Pesquisa JOLTS (julho):

Vagas em aberto (demanda por trabalho): Caíram 176.000, para 7,181 milhões. O resultado ficou abaixo da previsão de economistas consultados pela Reuters, que era de 7,378 milhões.

Contratações: Aumentaram levemente em 41.000, para 5,308 milhões.

Demissões: Subiram 12.000, chegando a 1,808 milhão.

Contexto e Significado

A desaceleração mais acentuada do que o esperado é consistente com um afrouxamento das condições do mercado de trabalho. Economistas atribuem parte desse fenômeno às políticas de tarifas de importação do ex-presidente Donald Trump e às restrições à imigração de seu governo, que também reduziram a oferta de mão de obra.

O relatório JOLTS é meticulosamente analisado pelo Fed para avaliar a saúde do mercado de trabalho. A queda nas vagas sugere que a pressão salarial pode estar diminuindo, o que, por sua vez, ajudaria a controlar a inflação.

Expectativas para o Relatório de Agosto

A atenção do mercado se volta agora para o mais abrangente relatório de emprego do governo, a ser divulgado na sexta-feira. Uma pesquisa da Reuters com economistas projeta:

Criação de 75.000 empregos fora do setor agrícola em agosto (ante uma criação de apenas 3.000 em julho).

A taxa de desemprego deve subir de 4,2% para 4,3%.

O dado de julho foi anomalamente baixo, mas a média de ganhos de emprego dos últimos três meses (35.000/mês) está bem abaixo da registrada no mesmo período de 2024 (123.000/mês), confirmando a tendência de desaceleração.

Implicações para a Política Monetária

Este cenário dá suporte ao sinal de corte de juros dado pelo chairman do Fed, Jerome Powell, no mês passado. Powell reconheceu os "riscos crescentes" para o mercado de trabalho, embora tenha mantido a cautela em relação à ameaça da inflação.

O Fed manteve sua taxa de juros de referência na faixa de 4,25% a 4,50% desde dezembro. A próxima reunião do Comitê de Mercado Aberto (FOMC) está marcada para os dias 16 e 17 de setembro, e os mercados acompanharão de perto se os dados de emprego justificarão o início de um ciclo de afrouxamento monetário.